1 de agosto de 2011

Fundações



Prosseguem a bom ritmo as obras da Escola Primária e Jardim de Infância de Sant'Albino, em Montepulciano (Siena, Itália). As fundações estão em curso e deverão estar concluídas até ao fim do mês de Agosto.

29 de julho de 2011

Resultados do concurso do Parque da Giela


Imagem da nossa proposta

Foram anunciados esta tarde em cerimónia pública os resultados do concurso de concepção do Parque Urbano do Paço da Giela (Arcos de Valdevez), em que participámos.

As propostas vencedoras foram as dos gabinetes: ABDA architetti (1º classificado); CVDB Arquitectos Associados (2º classificado); Giovanni Godi, Vasco Melo e Mónica Ravazzolo (3º classificado).

Infelizmente as notícias para nós não foram boas já que formos desclassificados. Soubemos através do Júri que estaríamos colocados em sétimo lugar, no entanto, fomos excluídos por quebra de anonimato no dia anterior à abertura das propostas, na sequência de uma denúncia feita por outro concorrente com referência ao link para uma página em teste do nosso site com informações relativas ao nosso projecto.

11 de julho de 2011

Conclusão das obras na Ordem dos Engenheiros


Foram concluídos na semana passada os trabalhos na sede da Região Norte da Ordem dos Engenheiros. A intervenção previu nomeadamente a construção de um novo balcão de atendimento na portaria, a transformação da secretaria, dos postos de trabalho e das salas e gabinetes da Direcção. Contamos, em breve, disponibilizar fotografias da obra.

Entretanto, a página relativa ao projecto pode ser consultada no nosso site.

15 de junho de 2011

Início das obras em Montepulciano



Iniciaram hoje as obras de construção da nova Escola Primária e Jardim de Infância de Sant'Albino, em Montepulciano (Itália).

O projecto está acessível no nosso site.

4 de abril de 2011

MAVAA



MAVAA é um gabinete de arquitectura, fundado em 2010 no Porto por Luís Pereira Viana e Carlos Machado e Moura. O gabinete desenvolve estudos e projectos no campo da arquitectura, desde o desenho de mobiliário até ao projecto urbano.

Eticamente, procuramos orientar as nossas realizações segundo um princípio de sustentabilidade financeira e ambiental. Evitamos soluções mono funcionais e trabalhamos com os nossos clientes, com as suas necessidades e sensibilidades, para encontrar as melhores soluções perante os desafios que se colocam. Independentemente de questões orçamentais, consideramos que é sempre possível encontrar uma solução digna para cada projecto. Acreditamos também no nosso dever de contribuir para a melhoria das nossas cidades.

Do ponto de vista técnico, o nosso trabalho procura adoptar as tecnologias mais adequadas a cada situação, produzindo obras sólidas e duradouras. Elaboramos com o máximo rigor e detalhe todos os elementos necessários à execução dos nossos projectos e acompanhamos com grande atenção a sua realização.

A materialidade é um aspecto fundamental da nossa arquitectura, tanto tecnicamente como em termos plásticos. A densidade dos materiais e o seu comportamento ao longo do tempo são propriedades que procuramos explorar. Mantemo-nos sempre a par do aparecimento de novos materiais e das suas aplicações inovadoras, podendo integrá-los no projecto sempre que constituírem uma mais-valia.

Em termos estéticos, orientamos a nossa prática junto da sobriedade e da coerência formal. Consideramos que a fenomenologia é a essência para que a arquitectura constitua um campo de experimentação plástica e artística.

Trabalhamos com o desenho, a luz, a escala, os materiais e detalhes, numa procura constante pelo espaço da revelação e da emoção. «A arquitectura é a arte da reconciliação entre nós e o mundo e esta mediação tem lugar através dos sentidos» (J. Pallasmaa)

3 de março de 2011

«Progettazione urbanistica» na Amazon


«Il corso di progettazione urbanistica 2009/2010: Una esperienza» está disponível para venda, desde hoje, no site Amazon. Trata-se de um livro da autoria dos arquitectos Fabio Lucchesi e Massimo Carta, professores da cadeira de Projecto Urbano (3º ano) da Universidade de Florença, que reúne os trabalhos daquele ano lectivo.

Ao longo de 200 páginas são também apresentadas e discutidas várias questões da disciplina e do contexto em estudo - a área do «Macrolotto Zero» em Prato. 

Carlos Machado e Moura, que colabora na cadeira enquanto arquitecto convidado, assina o artigo «Progettare in un contesto urbano: riferimenti ed esperienze», que está disponível no respectivo post.

21 de fevereiro de 2011

Remodelação do escritório



O escritório na Rua Elísio de Melo está neste momento em remodelação. A conclusão dos trabalhos está prevista para o fim do mês de Julho.

Até regressarmos às nossas instalações, estaremos contactáveis através dos telefones 912.176.625 e 918.104.321 e do endereço de correio electrónico info@mavaa.com.

7 de fevereiro de 2011

Progettare in un contesto urbano: riferimenti ed esperienze


Artigo escrito para o livro LUCCHESI, Fabio e CARTA, Massimo: Il corso di progettazione urbanistica 2009/2010: Una esperienza, CreateSpace, 2010


ARCHIVIO

«L’apprendistato dell’architettura implica un allargamento dei riferimenti.» Álvaro Siza

L’esercizio della progettazione si rapporta direttamente alla capacità di osservare e al bagaglio culturale di colui che lo compie. Da un lato, è imprescindibile sapere dove guardare e sapere come farlo. Riuscire ad identificare i punti critici di un determinato contesto e le sue valenze irrinunciabili, capire con quali elementi stabilire punti di contatto e situazioni di contrasto. Dall’altro, ogni contesto e ogni problema – nonostante tutte le specificità che possono contenere – istituiscono parallelismi e similitudini con altre realtà ed altri problemi, ai quali altri progetti hanno già cercato di dare risposta. È questa l’utilità di conoscerli e di analizzarli, cercando di imparare sia dalle naturali differenze, sia dagli eventuali punti di contatto.

Occorre, perciò, allo studente di architettura o di urbanistica, procedere ad una raccolta di exempla che costituisca una sorta di biblioteca ideale di progetti, non destinata – come si è sempre fatto – alla semplice ammirazione e imitazione, ma bensì all’analisi e all’apprendistato, in quanto fonte di riflessioni su determinati temi.

Un archivio che permetta di procedere ad un’interpretazione degli elementi che costituiscono ogni progetto e al confronto tra diversi progetti con presupposti, contesti o programmi simili, interrogandosi sui suoi perché, sulle sue motivazioni. In effetti, il valore intrinseco ad un progetto in quanto elemento comunicativo con capacità pedagogica risiede non tanto sul prodotto finale – le opere ed i progetti – ma soprattutto nella lettura dei processi e delle idee che lo hanno generato ed hanno alimentato la sua produzione. Perciò più difficile, ma più utile per il nostro lavoro, è costruire ed ordinare «l’archivio con l’intenzione di indagare ciò che entro determinate condizioni locali, sociali, economiche ed istituzionali, il concreto esercizio di una professione quale quella dell’architetto e dell’urbanista, ha consentito di dire.» (1)

L’esercizio dell’interpretazione non sempre è evidente, poiché i fattori che concorrono alla costituzione di ogni progetto sono molto variegati e le intenzioni originali dei loro autori molte volte non sono facilmente leggibili nel prodotto finale. Perciò, si rischia spesso di caricare le opere di una visione personale, eventualmente dislocata nel tempo e di fare in tal modo letture inserite in un contesto di rapporti sociali che, nel frattempo, avranno confermato o smentito le intuizioni originali di ogni progetto.
Però, «indipendentemente dai loro autori, i progetti sono stati e verranno sempre giudicati da chi è stato esterno al processo della loro produzione per i modi nei quali hanno accolto ed accolgono o rifiutano le innumerevoli pratiche che percorrono la città e la società.» (2)

Questo esercizio vale per l’interpretazione del lavoro altrui, per la conoscenza che ne consegue e per l’allenamento di analisi, sintesi e critica che questa operazione comporta: strumenti fondamentali nell’attività progettuale.

Nonostante non ci siano regole per orientare un processo progettuale, poiché si tratta di un percorso con un carattere fortemente individuale e variegato, è opinione condivisa che il punto di partenza sia un’idea forte che supporti il progetto. Che, intorno a quest’idea motrice, si costruisca un “racconto” che aggiunga delle altre motivazioni e poesia al semplice tentativo di dare una risposta pratica ed efficace ad un determinato programma.

Non meno calzante sarà dire che quest’idea forte deve essere semplice per quanto possibile e contaminare ogni elemento del progetto con grande coerenza e semplicità. Come mi hanno insegnato all’università, «un buon progetto è un progetto che si riesce a spiegare in una bustina di zucchero» perché, per dirlo con Wittgenstein, «Qualunque cosa che può essere detta, può essere detta in modo chiaro».

Infine, si tratta di riunire tutti i dati possibili per costruire un “indovinello” e poi riuscire a dargli una risposta che lo trasformi in qualcosa di ovvio. (3) Il progetto deve avere la capacità non solo di rispondere ai problemi proposti, ma anche di apparire naturale al contesto nel quali si colloca. Da lì deriva la sua difficoltà, quella di “immaginare l’evidenza”. (4)

Solo tramite una continua analisi del nostro lavoro e del persistente tentativo della sua sintesi riusciamo a mantenere il filo conduttore. Il talento sta nel non perdere la strada della bellezza in questo lungo percorso...

RIFERIMENTI

La soluzione sta nel luogo (ma anche l’autore sta nel luogo)

È indiscutibile l’importanza di un luogo per il progetto: esso contiene una serie di caratteristiche fisiche e di contesto che condizionano fortemente e danno senso alla nostra attività. Occorre, perciò, visitarlo e studiarlo attentamente per comprendere la sua struttura, il suo funzionamento nell’organismo in cui si inserisce, la topografia del terreno, i rapporti di scala che vi si stabiliscono, ma anche per capire le questioni di identità, socio-culturali, di abitudini e di memoria che emergono soltanto in un approccio fenomenologico – se vogliamo, il genius loci di un posto.

Però, un luogo non parla, è un dato del problema, «il luogo è un presupposto, uno strumento per il progetto.» (5) Per questo motivo, la soluzione non può stare nel luogo/contesto, ma bensì in colui che, visitandolo, porta con se la sua memoria, una visione politica e sociale e la sua cultura architettonica. E, nel mondo globale di oggi, ci può essere più vicino un fatto prodotto a migliaia di kilometri di distanza, rispetto ai riferimenti locali o agli eventi che succedono nel nostro intorno. Possiamo sentire maggiore affinità con un’architettura o un modello urbano elaborato su determinati presupposti teorici, indipendentemente del luogo della sua produzione.

«Ormai non possiamo usare le parole contesto, riferimento, marca o gruppo riferendole soltanto all’intorno fisico più prossimo, alla regione che si stente intorno al nostro braccio. Ciò nonostante, globalizzazione non significa necessariamente la perdita delle tonalità, perché non genera spazi astratti, sprovvisti di riferimenti o non-luoghi.» (6)

Sta nel buon senso determinare ciò che nelle altre esperienze può essere pertinente per la nostra. Cosi come sta nel buon senso il mantenimento di una visione realistica e pragmatica della città e del mondo, con i suoi problemi e suggestioni. Queste sono condizioni essenziali per mantenere l’autonomia disciplinare del progetto in quanto attività artistica e creativa, senza cadere in un eccesso di auto-referenzialità, accusa spesso rivolta in tono dispregiativo agli architetti ed agli urbanisti.

ESPERIENZE

Nella prima esercitazione, si è proposta la lettura di una serie di casi di studio agli studenti con l’obiettivo di motivare un’interpretazione critica ed una comprensione di vari esempi di progettazione urbana. Si è scelto deliberatamente di prendere casi distanti sia dal punto di vista geografico – da Venezia, al Giappone, a Berlino e a San Francisco – che temporale – dal Quartiere Z.E.N. degli anni ’70 fino al Piano particolareggiato di Antas, realizzato all’occasione del campionato europeo di calcio del 2004.

In effetti, l’espressione “progetto urbano” non è nuova, ed il tipo d’intervento a cui si riferisce è cambiato in maniera significativa nel tempo. Come ci racconta Nuno Portas (7), nei primi anni sessanta – partendo forse dalle esperienze del Team X – è servita per riferire i progetti unitari di architetture di grandi dimensioni che cercavano di rappresentare, nonostante i propri limiti fisici, una nuova forma per la città moderna rifiutando l’urbanistica degli stati assistenziali del secondo dopoguerra. In qualche modo si cercava una continuità, tramite concezioni tridimensionali e architetture d’autore, della città con la periferia.

Una seconda generazione del progetto urbano emerge con la crisi degli anni settanta, attraverso interventi puntuali, solitamente di natura comunale e non più statale. Sono sempre progetti riconoscibilmente d’autore, però questa volta iscritti in tessuti preesistenti – ne è un bell’esempio l’IBA di Berlino. I limiti trovati in queste esperienze risiedono nell’insufficienza di queste strategie rispetto ai nuovi ambienti urbani (determinati dalla competizione, coesione e sostenibilità).

Perciò la terza generazione di progetti urbani si distingue dalle precedenti, non per dimensione né per composizione funzionale dell’intervento, ma piuttosto per i programmi e le opportunità presentate, per i processi e meccanismi messi in campo e per il rapporto non subordinato tra progetto e piano, cioè, per lo stile di pianificazione del nuovo progetto.

È importante tenere presente quest’aspetto nell’interpretazione di ogni caso di studio perché, alla fine, un progetto urbano non emerge come un progetto architettonico compiuto, ma più che altro come un programma urbanistico, «un concetto, un modo di intervento, che investe gli strumenti di pianificazione e di progettazione secondo il contesto, che si adatta ai gradi di certezza o di incertezza calibrando quanto regolare e quanto no. La strategia di adeguamento al contesto è contenuta nel programma e ne rappresenta forse la parte più significativa.» (8)

In particolare, i recenti interventi di rinnovo urbano hanno messo al centro dei processi il ruolo strutturante dello «spazio pubblico inteso come progetto fisico dei luoghi collettivi e ne palesano il carattere di autonomia in relazione ai progetti edilizi che si succedono nel tempo e che non offrono molti gradi di certezza.» (9)

I progetti sono generalmente concepiti come “geometrie variabili” (10) e per fasi progressive, in accordo con le risorse disponibili e le nuove opportunità che si potrebbero manifestare, rispondendo così ai diversi gradi di incertezza che la città contemporanea oggi pone. Il progetto urbano «non è né un piano urbanistico né un progetto architettonico. È un progetto che definisce la forma e il contenuto di un frammento di città, dallo spazio pubblico fino all’architettura, in terminibase abbastanza precisi, a partire dai quali si può procedere alla successione di progetti fino alla loro esecuzione. Si definisce lo spazio pubblico, si determinano le caratteristiche funzionali e simboliche...». (11)

  1. SECCHI, Bernardo: Diario di un urbanista, Planum, http://www.planum.net/topics/secchi-diario.html
  2. SECCHI, Bernardo: op.cit.
  3. FIGUEIRA, Jorge: scheda no 67, in GADANHO, Pedro (coord.): Habitar Portugal 2006-2008, MAPEI/Ordem dos Arquitectos, Lisboa, 2009
  4. SIZA, Álvaro: Immaginare l’evidenza, Laterza, Roma- Bari, 1998
  5. Eduardo Souto Moura intervistato da Paulo Pais, in ANGELILLO, Antonio: Eduardo Souto Moura, Editorial Blau, Lisboa, 1996, p. 28
  6. SORIANO, Federico, PALACIOS, Dolores: Es pequeño, llueve dentro y hay hormigas, Actar, Barcelona, 2000, p. 60
  7. PORTAS, Nuno: L’emmergenza del progetto urbano, in “Urbanistica 110”, INU, Milano, 1998
  8. PELUCCA, Bruno: Progetto e rinnovo urbano nella città contemporanea: il caso del Portogallo, tesi di Dottorato di Ricerca in Progettazione Urbana Territoriale e Ambientale, Facoltà di Architettura dell’Università degli Studi di Firenze, Dipartimento di Urbanistica e Pianificazione del Territorio, Firenze, p. 10
  9. PELUCCA, Bruno: op.cit., p. 4
  10. PORTAS, Nuno: Rigenerazione e progetto urbano, in Atti del convegno “Le qualità nei progetti di trasformazione urbana. Esperienze a confronto”, Genova, 2004
  11. PORTAS, Nuno: Interpretazioni del progetto urbano, in “Urbanistica 110”, INU, Milano, 1998

22 de janeiro de 2011

Conversazioni tra Italia e Portogallo


 Foto: Manuel Henriques / DGArtes

Foi sob o título «Projectar na Europa» que decorreu a mesa que, no passado dia 20 de Janeiro no Politecnico de Milão, reuniu os arquitectos Manuel Aires Mateus, João Ferreira Nunes (Proap) e Giuseppe Marinoni e o fotógrafo Giovanni Chiaramonte.

A moderação ficou a cargo de Carlos Machado e Moura que, para além de apresentar os oradores, fez alusão ao encontro de Fernando Távora e Ernesto Nathan Rogers em 1951  referência central na apresentação do seminário  e evocou as grandes mudanças no mundo, nas cidades e nas sociedades que alteraram profundamente o exercício da profissão desde então. Com efeito, as gerações que precederam aquela representada na mesa assistiram às transformações do mundo levando a cabo actividades que lhes atribuíram o papel de protagonistas na modernização dos países e, no caso português, a um verdadeiro papel de emancipação social. No entanto, também graças à extensa circulação de imagens e de ideias, a arquitectura está hoje mais concentrada num âmbito intrínseco da disciplina do que propriamente nessas tarefas.

Giovanni Chiaramonte, fotógrafo que desde o final da década de '60 trabalha sobre a relação entre o lugar e o destino da sociedade ocidental, apresentou uma série de fotografias tiradas nas mais variadas cidades europeias.

Manuel Aires Mateus ilustrou três projectos apresentados a concurso: o Hotel Aquapura, no Alqueva (Monsaraz, 2007, 1º prémio); o Museu Parque de los Cuentos (Málaga, 2008, 1º prémio); e o projecto urbano para o Parque Mayer (Lisboa, 2008, 1º prémio), tendo este último sido resultado de uma parceria com João Nunes / Proap.

João Ferreira Nunes apresentou dois projectos: o da ETAR de Alcântara (Lisboa, 2005) desenvolvido com Manuel Aires Mateus; e uma proposta apresentada a concurso, o Parque CityLife (Milão, 2010, 2º prémio), em colaboração com o atelier Gonçalo Byrne Arquitectos.

Finalmente, o arquitecto Giuseppe Marinoni, professor do Politecnico de Milão, apresentou dois projectos urbanos, um Plano de Pormenor em Bergamo e o masterplan para a requalificação da área de Cascina Merlata, em Milão, tendo este último sido desenvolvido com João Nunes / Proap.

4 de janeiro de 2011

Seminário de Arquitectura em Milão



No dia 20 de Janeiro a partir das 14h terá lugar, na Aula Magna da Faculdade de Arquitectura do Politecnico de Milão, o segundo encontro do Seminário de Arquitectura «Conversazioni tra Italia e Portogallo». Trata-se se uma iniciativa comissariada pela arq.ª Maddalena d'Alfonso em colaboração com a Embaixada de Portugal em Roma.

No primeiro encontro, que decorreu no passado dia 30 de Novembro, os arquitectos Vittorio Gregotti e Manuel Salgado, entre o diálogo e a entrevista pessoal, abordaram o tema que dá título ao seminário, à luz das suas próprias obras e do seu percurso. Recorde-se que esta dupla é considerada a primeira equipa luso-italiana, que deu lugar à realização do Centro Cultural de Belém.

Esta segunda data é composta por três momentos: a apresentação do «Premio Piranesi» atribuído a João Luís Carrilho da Graça; uma mesa redonda sobre o tema «Projectar na Europa» com os arquitectos Manuel Aires Mateus, João Ferreira Nunes, Giuseppe Marinoni e o fotógrafo Giovanni Chiaramonte; e uma conversa «Sobre a Arquitectura e a Fotografia», entre o arquitecto Eduardo Souto Moura e o fotógrafo Gabriele Basilico.

O arquitecto Carlos Machado e Moura foi convidado pela Embaixada Portuguesa para apresentar e moderar a segunda mesa.

Seguir-se-à, às 18h30 na Sala Nardi da Faculdade de Arquitectura, a inauguração da exposição «No Place Like», que representou Portugal na última Bienal de Veneza.

O terceiro encontro desta iniciativa, entre os arquitectos Bernardo Secchi e Nuno Portas «Sobre a Cidade Europeia», realizar-se-à no dia 15 de Fevereiro às 16h30.

Pode consultar o programa aqui.

2 de janeiro de 2011

A internacionalização da arquitectura portuguesa e a italian connection


Artigo escrito em Dezembro de 2009 para a apresentação de uma candidatura a financiamento ao Instituto Camões para a realização de um ciclo de conferências sobre arquitectura portuguesa em Itália.


A arquitectura portuguesa conhece hoje um momento de particular difusão. Há 30 anos, Álvaro Siza era o único arquitecto português a construir no estrangeiro, mas hoje são cada vez mais a fazê-lo, como ficou evidente nos 21 projectos presentes na exposição «Arquitectura: Portugal fora de Portugal», patente ao público em Berlim no último mês de Março. Tem crescido também, nos últimos anos, o interesse pela produção arquitectónica nacional e multiplicam-se as exposições, as iniciativas e as publicações que lhe são dedicadas.

Em especial, a chegada do novo milénio, «acontecimento fortuito e, apesar disso, dotado de poderes mágicos em que parece que ou tudo se perde, ou tudo se ganha» (1) trouxe consigo um interesse pelas novas gerações de arquitectos. Neste cenário global, em parte devido a um certo estrelato internacional, o campo da arquitectura parece concentrar-se sob a influência do «eixo Erásmico» que une a ruidosa Roterdão à silenciosa Basileia (2). As novas gerações, todavia, têm sabido absorver as várias tendências internacionais, conferindo-lhes uma espessura realista, reconvertendo estas influências numa base disciplinar comum identificável e mantendo, no fundo, fidelidade ao Movimento Moderno.

Com efeito, a arquitectura portuguesa continua a caracterizar-se, genericamente, pela «sua qualidade tectónica (domínio dos materiais e atenção ao detalhe), pela sua composição (abstracta, clara e rigorosa) e pela sua capacidade topológica (o lugar como matriz)». (3)

Na última década esta atenção tem superado os limites da arquitectura e tem-se estendido à cidade e ao projecto urbano. Com efeito, o sucesso das recentes intervenções de requalificação urbanas levadas a cabo no país desde a Expo’98 de Lisboa – no âmbito: do Porto2001 Capital Europeia da Cultura, do campeonato europeu de futebol Euro’2004 e das transformações promovidas pelo programa Polis em 30 cidades – têm suscitado um grande interesse internacional. A testemunhar este reconhecimento está a entrega, em 2005, do prémio Sir Abercrombie de Urbanística da União Internacional dos Arquitectos (UIA) a Nuno Portas e um prémio especial do Grand Prix de l’Urbanisme do governo francês a Álvaro Siza.


É de referir que o início deste fenómeno da internacionalização da arquitectura portuguesa tem datas e protagonistas precisos.

Coincide aproximadamente com o 25 de Abril de 1974, a revolução dos cravos, data em que o país é acordado, de um dia para o outro, pela «divina surpresa» (4) de um país sem polícia política, nem censura nos jornais, nem mobilização obrigatória para a guerra no horizonte de vida, e se confronta com a possibilidade real de construir de raiz uma sociedade nova e diferente.

Nos anos seguintes os portugueses viveram, seguramente, os tempos mais exaltantes da segunda metade do século xx, perante o olhar atento da Europa e do Mundo que, apenas dois anos antes, tinha assistido à liquidação, a tiros de blindados e de caças, do socialismo de rosto humano de Salvador Allende no Chile. E acompanhava o avanço imparável dos vietcong num Vietname do Sul onde o poder norte-americano, humilhado, haveria de retirar, pelos telhados da sua embaixada, os últimos soldados e funcionários diplomáticos. (5)

Nuno Portas, então Secretário de Estado da Habitação e do Urbanismo, depois de uma importante investigação sobre o campo da habitação no LNEC em que se debruça sobre várias experiências italianas – da “continuidade” rogersiana aos bairros INA-Casa (Ridolfi, Quaroni, etc.) –, vai lançar uma série de programas inscritos na reflexão aberta por Campos Venuti em Bologna e que abriria portas para os “planos da terceira geração”. (6)

Entre estes programas destaca-se o SAAL, inovador tanto na investigação sobre a habitação social como nos métodos urbanísticos de proximidade, como a auto-organização (selfhelp), a participação e a intervenção activa dos moradores. Sobretudo no Porto, surgem arquitecturas que revisitam as propostas radicais dos anos 20 e 30 (Oud, May, Taut) conjugando-as com uma atenção ao sítio herdeira de Távora e do Inquérito. (7)

A obra de Álvaro Siza – em especial as operações de São Vítor e da Bouça, no Porto, e, mais tarde, da Malagueira em Évora – vão ter grande projecção na imprensa internacional, em França na revista L’architecture d’aujourd’hui de Bernard Huet, mas sobretudo em Itália, através de Lotus e Casabella, pela mão de Vittorio Gregotti e Pierluigi Nicolin. Em 1977, na sequência de um convite de Emilio Battisti, Alves Costa, Siza e Portas visitam uma dezena de escolas de arquitectura, de Turim a Palermo, «para mostrar os projectos da participação». Poucos anos antes, em 1972, Gregotti publicava, na revista Controspazio, o primeiro artigo internacional sobre a obra de Siza, então um desconhecido arquitecto português que tinha conhecido através de Portas.

Para muitos estudantes europeus, «cansados de um ensino demasiado teórico, a atracção por essa Obra amarrada à realidade era uma tábua de salvação». (8) Com efeito, ela vai abrir uma «terceira via» – à qual Frampton dará o nome de regionalismo crítico – num debate arquitectónico dominado, na Europa, entre o international style e a intromissão pós-modernista, que viria a ser consagrada na «Stada Novissima» da Bienal de Veneza de 1980.

Será de resto a experiência da participação que irá motivar os convites feitos a Siza para alguns projectos no estrangeiro que lhe trarão fama internacional. Em particular, o Schlesisches Tor, mais conhecido por Bonjour Tristesse, no âmbito do IBA de Berlim (1980-1984) e Schilderswijk, em Haia (1983-1988).
Entretanto, ainda em 1975, Portas convida Gregotti a ir a Lisboa fazer uma possível adaptação do projecto do Quartiere ZEN (Palermo, 1969-73) no Plano Integrado de Setúbal. Aí conhece Manuel Salgado, com quem inicia uma longa colaboração.

Também no Bairro da Belavista, integrado no mesmo plano e desenhado por José Charters Monteiro, trabalhará outro arquitecto italiano, Aldo Rossi – então muito influente no debate teórico internacional – que projecta um edifício residencial com comércio e serviços, com 650 metros de comprimento, que não chegou a ser realizado.

Segue-se uma série de trocas e “contaminações” entre a arquitectura portuguesa e italiana, bem como várias experiências conjuntas entre arquitectos dos dois países, nomeadamente a longa e discreta colaboração entre Siza e Roberto Collovà, para o arranjo de algumas ruas e o terreiro de uma igreja em ruínas em Salemi, na Sicília.

Porém, o exemplo mais evidente desta colaboração luso-italiana é, indiscutivelmente, o Centro Cultural de Belém (1989-93), desenhado por Gregotti e Salgado. Trata-se de um edifício de grande retórica, ícone do Portugal moderno e de respiro europeu e também a primeira grande realização contemporânea de um arquitecto estrangeiro no país, mais tarde seguida pela Estação do Oriente (Lisboa, 1995-98) de Santiago Calatrava, do Pavilhão Atlântico (Lisboa, 1995-98) dos SOM, do waterfront atlântico do Porto (1999-2002) de Manuel Solà-Morales e da Casa da Música (Porto, 1999-2005) de Rem Koolhaas/OMA, para além das encomendas a Piano, Gehry, Foster e Nouvel.


Numa altura em que são vários os arquitectos portugueses que trabalham em Itália e vice-versa, decidimos convidar alguns dos actores principais desta longa e fértil relação para uma reflexão conjunta.
Uma conversa sobre as grandes mudanças ocorridas recentemente no campo da arquitectura: no âmbito formativo, nas condições e processos de produção arquitectónica – que alteraram a posição do arquitecto no quadro mais complexo da construção enquanto facto financeiro – e na difusão e visibilidade das imagens e dos seus autores.

Em Portugal, há pouco mais de vinte anos, as escolas de arquitectura eram apenas duas em Portugal, enquanto hoje, entre públicas e privadas, contam-se mais de trinta. A actividade de projecto é hoje mais interdisciplinar e encontra-se submetida a uma cada vez mais complexa série de actividades de controlo burocrático e institucional. A profissão redefiniu-se progressivamente, não mais assente na tradicional relação com o cliente e com o construtor, mas enquanto uma mais genérica «sociedade de serviços». Ainda, para uma expressão de Gregotti no seu último livro Contra o fim da arquitectura (9), à máxima de Louis Sullivan «form follow function» sobrepõs-se uma nova máxima «form follows market».

Enfim, pretendemos também interrogar estes autores, à luz das suas mais recentes realizações, sobre o sentido «nacional» da arquitectura.

Uma identidade complexa, como é evidente quando vemos a obra de Siza, um arquitecto que «é mais holandês que os holandeses» (10), mais suíço que os suíços (Casa Van Middlen-Dupont, Bélgica, 1997-2003) e não menos brasileiro, na forma como usa a força brutalista de Bo Bardi, no edifício da Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, Brasil, 1998-2005).

Como concluía Távora no seu Cultura arquitectónica portuguesa no mundo, «Cremos que o pensamento da arquitectura contemporânea portuguesa, nos seus sectores mais representativos, não esquece, antes pratica essa nossa referida tradição, não impositiva mas simpatizante e compreensiva, de consideração dos homens e dos seus lugares, garantindo aos seus edifícios e espaços a identidade e a variedade, como que num fenómeno de heteronímia, no qual o autor se desmultiplica, não por incapacidade conceptual ou outra, mas pelo princípio de respeito, quando merecido, que a outros somos devedores(11)

  1. TAINHA, Manuel: Arquitectura: arte, profissão, modo de vida?, conferência na sede da Ordem dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 1991
  2. RODEIA, João Belo: Línea de tierra: presentación de una nueva generación de arquitectos portugueses in Arquitectura portuguesa – una nueva generación, revista 2G, n. 20/IV, Gustavo Gili, Barcelona, 2001, p. 4
  3. LOPES, Daniel de Castro: Notas sobre algunos arquitectos portugueses in Arquitectura portuguesa – una nueva generación, cit., p. 23
  4. LOURENÇO, Eduardo: Os militares e o poder, Editora Arcádia, Lisboa, 1975, p. 80
  5. GOMES, Adelino, CASTANHEIRA, José Pedro, Os loucos dias do PREC, Expresso/Público, Lisboa, 2006
  6. CAMPOS VENUTI, Giuseppe, La terza generazione dell’urbanistica, F. Angeli, Milano, 1987
  7. AMARAL, F. Keil do (coord.) Inquérito à Arquitectura Popular, Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 1961
  8. BEAUDOUIN, Laurent, O agrimensor, in MACHABERT, D., BEAUDOUIN, L., Álvaro Siza – Uma questão de medida, Caleidoscópio, 2009, p. 14
  9. GREGOTTI, Vittorio, Contro la fine dell’architettura, Einaudi, Torino, 2006
  10. Alves Costa sobre o Schilderswijk em Haia, in COSTA, Alexandre Alves, Álvaro Siza, Imprensa, Lisboa, p. 42
  11. TÁVORA, Fernando, Cultura arquitectónica portuguesa no mundo in BECKER, Annette, TOSTÕES, Ana, WANG, Wilfried (org.), Portugal: Arquitectura do século xx – Catálogo de uma exposição, Prestel, München, 1997, pp. 140-143 (versione italiana in TÁVORA, Fernando, Immigrazione/emigrazione. Cultura architettonica portoghese nel mondo, Casabella 700, maggio 2002, Electa, Milano, pp. 6-7)
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