16 de dezembro de 2011

Apresentação PechaKucha Night Coimbra #03

Uma arquitectura do silêncio: três projectos em Itália

Apresentação no PechaKucha Night Coimbra #03, 12 novembro 2011
http://www.mavaa.com/blog/gallery/images/thumbs/pknc01.jpg
  1. 01/20


    O nosso nome é MAVAA, que é um acrónimo formado pelas iniciais dos nossos apelidos: Machado e Viana arquitectos associados, mas é ao mesmo tempo uma expressão italiana que transmite um pouco daquilo que pretendemos com o nosso trabalho.
     
  2. 02/20


    Não é por acaso uma expressão italiana, já que foi em Itália que vivemos e trabalhámos alguns anos – isto da internacionalização da arquitectura, no início, passa mais por emigração do que por exportação.
    E “ma và!”, que quer dizer tantas coisas em função do tom de voz que usarmos, é uma expressão que transmite surpresa e espanto, transmite incredulidade.
     
  3. 03/20


    Que foi o que nós sentimos quando há uns anos atrás entrámos, sem qualquer expectativa, numa gruta nos confins de Marrocos e nos deparámo-nos com este cenário. Percebemos então, que queríamos transportar para a nossa arquitectura um pouco desta surpresa e desta serenidade.
    E que mais do que a composição de cada edifício, nos interessa a forma como as pessoas se aproximam àquilo que desenhamos e as experiências que têm nesses espaços.
     
  4. 04/20


    É uma questão SENSORIAL, é uma questão de PERCEPÇÃO, é uma questão de EMOÇÃO. E para atingir essa EMOÇÃO, esse ESPANTO, essa SURPRESA, elegemos como instrumentos de trabalho o CONTRASTE – o trabalhar num mesmo projecto com expressões ou materiais marcadamente distintos – a ILUSÃO – a aparência do impossível ou do insólito como forma de capturar a atenção – e o SILÊNCIO – a ausência, a solenidade.
     
  5. 05/20


    E temos aqui ilustrados três trabalhos que desenvolvemos em Itália: um centro de caridade em Prato, uma extensão de um hotel em Vicchio, a norte de Florença, e uma escola em Montepulciano, perto de Siena.
     
  6. 06/20


    Neste primeiro trabalho, foi-nos pedida a reconstrução de uma barraca prefabricada no lote da igreja, onde a paróquia leva a cabo as actividades de apoio aos carenciados. Propusemos uma solução mais integrada, cuja cobertura verde vem na continuidade dos jardins da igreja, dissimulando o edifício o mais possível e respeitando a sua posição secundária no complexo.
     
  7. 07/20


    Esta abordagem permitiu-nos desenhar o edifício da forma mais ausente possível para a rua, que é elevada cerca de um metro relativamente à cota interior. Torna-se apenas visível parte da construção: duas delicadas caixas sem espessura, em ferro pintado e policarbonato – que são entradas de luz – apoiadas sobre o muro existente.
     
  8. 08/20


    No interior do lote, visto do espaço exterior da Igreja, temos uma solução oposta, de CONTRASTE: o edifício na sua totalidade, desenhado com textura e massa. É betão à vista para dar continuidade aos muros existentes.
     
  9. 09/20


    Aqui vemos o pátio em torno do qual se articula o novo edifício: um espaço de recolhimento e propenso à reflexão. Se quisermos, de SILÊNCIO, através da presença da luz e desta massa pesada, que parece SUSPENSA. Tratou-se de uma encomenda privada que, infelizmente, por motivos económicos não deverá ser construída.
     
  10. 10/20


    Neste segundo projecto, que está em desenvolvimento e ainda numa fase inicial, foi-nos encomendado um edifício hoteleiro com alguma expressão: 12 suites, um spa e auditório. Trata-se da extensão a uma villa histórica do século XIII que tem um conjunto de anexos, formando um complexo fragmentado ao qual contra propusemos um edifício uno e dissimulado no terreno.
     
  11. 11/20


    Aqui podemos ver o edifício na sua expressão total, um muro de pedra aparentemente SUSPENSO, em CONTRASTE com a ausência com que nos deparamos quando entramos na propriedade: uma plataforma verde que se abre para a paisagem. É também esta uma solução de SILÊNCIO em relação ao existente.
     
  12. 12/20


    Para falarmos do terceiro projecto, temos de partir da participação em dois concursos para a realização de infantários. O que vemos é um concurso em Prato, para o projecto de uma creche num lote cheio de pinheiros. A proposta procurou manter o maior número possível de árvores, articulando o programa em vários volumes nos espaços livres. Desta forma é o exterior a condicionar o espaço interior.
     
  13. 13/20


    Este segundo concurso, no Norte de Itália, prevê um programa semelhante num terreno completamente livre. Aqui vemos a entrada que é a única interrupção num muro branco que SILENCIOSAMENTE constitui o perímetro total da escola.
     
  14. 14/20


    A esta simplicidade do exterior CONTRAPÕE–SE o interior, que é formado por um conjunto complexo de volumes e pátios. O contraste é potenciado pela mudança de material: do reboco branco passamos para o calor da cortiça. Estes pátios são desenhados como espaços interiores, ligados entre si, lugares de descoberta onde a areia, a relva, as árvores e a cortiça das paredes formam um todo que apela aos sentidos.
     
  15. 15/20


    O terceiro projecto é uma escola pública, que se encontra actualmente em construção. Tratou-se e trata-se de um processo complicado, pelos constrangimentos de orçamento e pelas dificuldades em convencer a Câmara a aceitar uma arquitectura tão silenciosa... por vezes, o silêncio pode ser incómodo.
     
  16. 16/20


    Também aqui partimos do espaço exterior: dois jardins para dois programas didácticos – uma creche e uma primária. Um, mais abstracto e resguardado, define a entrada, que vemos neste slide à esquerda e outro parcialmente enterrado, aberto para as copas dos pinheiros que envolvem dois lados do terreno.
     
  17. 17/20


    Vemos aqui o percurso do estacionamento até à entrada, assinalada por um volume, que é no entanto o muro que encerra o jardim da creche. Esta sequência de panos cegos configura um conjunto eminentemente abstracto e opaco. De novo, temos O SILÊNCIO.
     
  18. 18/20


    Do lado oposto, vemos o jardim da primária que, pelo contrário, encaixa no terreno, e tem esta abertura e escala acolhedora que convida as árvores e o jardim público a fazerem parte dele, num espaço de frenesim próprio das crianças desta idade.
     
  19. 19/20


    No interior houve a preocupação em desenhar espaços estáveis e confortáveis. O objectivo último da nossa arquitectura é o de criar espaços onde as pessoas se “sintam bem” e que a descoberta de cada edifício seja um processo, uma história, em que a surpresa e a emoção possam vir ao nosso encontro de uma forma pontual. Como é óbvio, esta emoção que procuramos não é a dos EFEITOS ESPECIAIS mas é uma emoção silenciosa, baseada numa tomada de consciência de uma série de estímulos sensoriais.
     
  20. 20/20


    Para concluir, este é o nosso escritório no Porto, que recentemente remodelámos. É no edifício da Garagem do Comércio do Porto e temos todo o gosto em que nos venham visitar.
     

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